quarta-feira, 29 de outubro de 2008

AMORES, APARÊNCIAS E GARANTIAS

Outro dia uma amiga lamentava o quanto é difícil, nos dias de hoje, encontrar alguém que “valha a pena”. De uma hora para outra, o namorado a largou – como se larga uma peça de saldão da C&A no meio da loja. E o pior é que a coitada realmente estava com os quatro pneus ‘arriados’ pelo cara. O filho da mãe – expressão usada por ela para se referir ao seu ex affair- chegou numa quinta-feira à noite e deu um “GAME OVER” na relação. Até aí tudo bem. Afinal, ela ainda não tinha descoberto que seu boyfriend já se engraçava por outro rabo de saia há séculos. O que mais a angustiava, digamos assim, foi ele ter acabado o namoro com apenas meia dúzia de frases do tipo “não dá mais certo”, “precisamos dar um tempo” e “eu vejo você como amiga”.
Depois disso, ela passou a acreditar que o problema era com ela. Chegou a fazer uma listinha com as possíveis razões que teriam levado o carinha a lhe dar o pé na bunda. Até conseguir superar a dor de cotovelo, e detoná-lo para meio mundo, excluí-lo do Orkut e dar fim aos presentes que de alguma forma lembrava o ‘falecido’, a mulher chegou a vivenciar uma CRISE interminável- algo mais profundo que a atual americana.
Mas, voltando à ocasião quando minha amiga externava seu drama afetivo/conjugal – coisa pouca perto dos mirabolantes casos do programa de Márcia- , um questionamento dela me deixou com os neurônios em pé. Ela divagava ... sobre uma eventual hipótese de “não se enganar com a pessoa amada”. Ihh.. sei, sei, sei. Entre uma Antarctica e outra, discutíamos sobre decepções, traições, frustrações e mais alguns “ões” da traumática fase pós-namoro.
Encontrar alguém que seja, de fato, o que demonstra ser é o sonho de consumo de quase todo mundo. E muitas vezes, a atividade diária de perceber o outro- aliada a uma boa dose de intuição- permite identificar se a criatura em questão passa no teste de qualidade, ou se está imprópria para uma relação a dois.
As decepções são inevitáveis quando você começa a notar os primeiros deslizes, as primeiras contradições e incoerências entre o que a pessoa diz e o que a pessoa faz. Embora, quase sempre, a gente continua fingindo que não está vendo nada. Jo-Ellan Dimitrius, autora do livro ‘Decifrar Pessoas’, chama isso de “dissonância cognitiva”- é fechar os olhos e a mente para não enxergar os sinais que passam bem ali na nossa frente. Mas, como diz o ditado “O amor é cego”. Ou seria “O amor cega”?!
Seria mais fácil se os assuntos referentes ao coração nos dessem algum tipo de garantia contra sofrimento. Algo como... SEGURO, sabe?! Não entendeu? Tudo bem. Para evitar que uma das partes se magoasse tanto, os relacionamentos funcionariam mais ou menos como as propostas de algumas publicidades. Já pensou? Conheça fulana, e se em três meses notar que a criatura não ‘presta’, você terá sua auto-estima elevada de volta. Funcionaria melhor que o iogurte Activia! Ou, por exemplo, como o anúncio do Bompreço: se você encontrar proposta melhor na concorrência ... nós devolveremos o tempo que você perdeu.
E, se tudo passa... o efeito do álcool também. ENFIM! Vamos à luta. Ajude-nos, Santo Antônio.