quarta-feira, 17 de março de 2010

Entre garfos e facas

Poucas coisas na vida conseguem ser tão clichês quanto aquele almoço ao meio-dia, que algumas pessoas marcam quando querem ‘conhecer’ melhor o outro. O apetitoso(!?) programa de começo de tarde é, quase sempre, o pretexto mais sutil, discreto e, até digamos, fofo para estreitar vínculos com a criatura em questão. P.S: Nem que o objetivo maior seja levá-la para cama um dia.
Convidar alguém para almoçar é uma atitude estratégica. Dificilmente a pessoa convidada vai questionar as intenções de quem convida. Sejam elas quais forem! Vejamos: um jantar, por exemplo. Quase sempre o ‘segundo round’ é no motel. No almoço não. Supostamente você está apenas desfrutando de um momento agradável ao lado desse seu novo contato. Isto quando você é o convidado!
Não é à toa que as pessoas são tão contidas, tão discretas nesse tipo de encontro. Parece que o mundo se resume a folhas e peixe grelhado, boas maneiras à mesa e garfadas lentas – intercaladas com perguntas e respostas descontraídas. Não dá para imaginar um almoço desses no Mercado da Madalena, no rodízio de carnes ou em algum ‘sem balança’ do centro da cidade. Seria muito revelador, não acham?
Por falar nisso, já viram a rotina dos casais ‘estáveis’ quando vão ao restaurante? Pedem o prato, devoram a comida, pagam a conta e vão embora( mais ou menos nesta ordem). Quando esboçam qualquer demonstração de afeto pode ter certeza de uma das alternativas: a) o casal está em crise e saiu para comer fora, b) está comemorando o Dia dos Namorados, c) é cena de novela mesmo...
Outra vez o ‘cara’ convidou para almoçar uma morena que acabara de conhecer. Para impressioná-la resolveu oferecer ‘escargot’ no prato principal. Ela, para não ficar por baixo e demonstrar alto grau de conhecimento gastronômico, rebate: “Não, obrigada. Não gosto muito de frutos do mar”.