sexta-feira, 25 de abril de 2008

DÚVIDAS MONSTRUOSAS

Para Platão e Aristóteles a capacidade do ser humano de questionar as coisas sempre foi vista de forma positiva. Para os pensadores clássicos, através da dúvida o indivíduo reflete sobre si, sobre o mundo e tudo que o cerca. Que o diga os adolescentes, que em pleno furor hormonal, inquietam-se em dúvidas existenciais sobre sexualidade, vestibular e seus laços de amizade. Mas, se para um adolescente no vigor dos dezessete anos o fim do namoro ou a reprovação no vestibular podem representar o passaporte para o fracasso definitivo, na fase adulta as dúvidas, as perdas e os ganhos tendem a ser encarados de forma relativa. Não que essa nova visão de mundo deva ser traduzida à falta de compromisso e irresponsabilidade perante o mundo. É bem mais uma sensação de deixar-se angustiar por questões mais simples, ou pelo menos não se desesperar tanto por situações inevitáveis da vida. É geralmente depois dos vinte e poucos que constatamos que as respostas para dúvidas maiores dependem muito mais do tempo e da forma como conduzimos nossos caminhos. Por isso costumamos encarar os questionamentos sobre carreira profissional, vínculos de amizade, relacionamento conjugal e outras cositas da vida como possibilidades que dependem mais da razão, da entrega e da cumplicidade diária. Talvez seja por isso que passamos a deixar de lado nossas dúvidas adolescentes por questionamentos mais práticos. Por exemplo, nunca entendi por que as revistas semanais nos consultórios médicos sempre são de 7 meses atrás!? Outra questão que ainda não tive resposta: por que toda semana é aniversário das lojas Insinuante? Mais uma: por que toda cena de novela quando o personagem levanta a mão para pedir a conta no restaurante o garçom aparece em 3 segundos com a bendita conta prontinha? Onde fica esse restaurante na nossa vida real? Outra: por que todo fim ano usamos a mesma mensagem nos cartões de natal? Estas sim merecem destaque na nossa lista permanente das dúvidas monstruosas que desafiam nossa capacidade de resposta. As demais... paciência, não é?! Ah, antes que eu esqueça: por que eu nunca consegui ser atendido pela Central da Oi em menos de vinte minutos de espera?