quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Por baixo do microvestido

Quando tentamos imaginar as primeiras manifestações humanas logo vem à mente a imagem de um grotesco homem de neandertal, arrastando SUA mulher pelos cabelos, como se arrasta um saco de batatas. Não é à toa que a expressão 'tempo das cavernas' é empregada, quase sempre, em tom pejorativo. Geralmente, usada para definir algo obsoleto, inconcebível ou inaceitável para os dias atuais.

Deve ser por isso que as pessoas 'respiram aliviadas' ao constatarem que, graças à evolução histórica e cultural, ultrapassamos aquela fase de brutalidade de nosso passado milenar.
Bem, é o que acreditamos... até esbarrar com os 700 e poucos Homo neanderthalensis da Uniban, durante o 'apredejamento social ' da 'Geni' do microvestido pink.

O caso de perseguição, hostilidade e execração pública da estudante Geisy Arruda ganhou destaque nos jornais pelo mundo afora. No Brasil não foi diferente. Movimento feminista, estudantil, OAB, mídia, sociedade civil e o escambau versus uma discussão para lá de acalourada. Afinal, o que é uma roupa adequada para usar na faculdade? Onde fica o direito de ir e vir? O que justifica a ação truculenta dos alunos da Uniban?

Como pode...no país das nádegas à mostra nas praias e dos seios descobertos no carnaval um vestido curto causar tanto frisson? Intolerância, hipocrisia? Falso moralismo? Antes de responder a essa pergunta, vale questionar que, certamente, não se montaria todo esse circo se o 'objeto' em questão fosse uma camiseta regata ou uma bermuda curta trajada por qualquer marmanjo em terras tupiniquins.

Dia desses alguém vociferou frases do tipo " Ela quem provocou", - como se algo justificasse aquela balburdia e violência toda-, "Só fez isso para se promover"- nem que ela fosse assessorada pelo marqueteiro Duda Mendonça-, e, pior, a mais estapafúrdia de todas "Ela nem tem corpo para usar aquela roupa". Como se a liberdade de escolha de roupa curta se restringisse apenas a Juliana Paes, Priscilla do BBB ou a Mulher Moranguinho.

E de que lado fica a Uniban na história? Em vez de seguir os caminhos da inclusão, da discussão saudável sobre o papel da instituição de ensino no processo de formação cidadã, mostra-se despreparada, obsoleta e desqualificada para lidar com uma questão meramente cultural.

No final das contas, começo a acreditar que o regime talibã transferiu sua sede ou inaugurou alguma sucursal no Brasil há tempos! Moderninhos, avançados? Que nada. Estamos no país da burca.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PESSOAS SACANAS

Temos o hábito de separar as pessoas em escalas. As que gostamos mais, as que gostamos menos, as indiferentes. É assim no trabalho, na vizinhança, na faculdade. É assim na vida!
Em se tratando de affair, a história não é diferente.
É até, digamos, mais contundente. Tem a pessoa mais marcante, a inesquecível, a fofa, a sexy... uhuuu …
Mas, no hall das categorias há uma quase inevitável: a sacana. Isso mesmo! Aquela que você mandaria para a Faixa de Gaza, apenas com passagem de ida. Aquela que você escreve o nome com todas as letras no item desafeto em qualquer questionário da Capricho ou da Atrevida.
Dizem que as pessoas sacanas merecem desprezo, indiferença. São aquelas que a gente vira a cara quando esbarra na calçada da C & A, na fila do cinema ou nas ladeiras de Olinda (no carnaval).
Por outro lado, há quem prefira encarar. É o momento em que se aproveita a 'esbarrada' com a persona non grata e, lança-se um olhar de superioridade. Uma coisa meio … “viu só, como continuo no topo da onda?!”
Há quem vá mais além. Com direito a sorrisinhos e apertos de mão, a vítima cumprimenta, conversa e ainda se despede do desafeto com beijinhos e até mais. Dizem que é a melhor forma de despertar o senso de culpa de uma pessoa sacana. Ou, que, pelo menos, foi sacana com você.
Outros não dispensam uma vingança. Conheço até gente especialista em arranhar a imagem do/da ex. Basta saber que o cara, a doida engatou um novo romance e, … BOOOM! Em fração de segundos, aquele ser de outrora tem a credibilidade mais manchada que a de todos os parlamentares do Senado juntos. É... ! Tem gente que não deixa por menos.
As pessoas sacanas quase nunca admitem que o são. É um tal de ‘mal entendido’ para lá, ‘não foi bem assim’, blábláblá. Quando reconhecem procuram diminuir a dimensão das coisas. Umas preferem se respaldar na imaturidade, outros na falta de tempo, nas incompatibilidades, e por aí vai.
As pessoas sacanas são como fantasmas. São referências ruins. Não merecem ser apagadas da nossa história de vida, afinal ... nas boas histórias também aparecem bandidos e vilões. Nenhuma história é só bela, com final feliz. O importante é buscar uma nova experiência. Não para compensar o insucesso da anterior, mas para acrescentar. De preferência, uma paixão daquelas de tirar o fôlego. Com direito a beijo de cinema e esticada na noite adentro... ou,afora !No final de tudo, ela(a/o sacana) vai perceber que não é o terceiro vértice que falta para completar o seu triângulo. E que você... ahhh, está melhor que nunca . Boa sorte!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Morangos, champanhe e... CORTA!

Outro dia, passando em frente a uma banca de revistas, deparei com uma matéria sobre técnicas de sedução e afins. Na capa da revista um depoimento de uma mulher que diz ter tirado o casamento do fundo do poço. Em meio a chicotes, sutiãs, plumas e champanhe, a danada jurava para quem quisesse ler que “o segredo de uma relação duradoura é não cair na rotina”. E olhem que ela nem era de se jogar fora. É ...! Em tempos de concorrência acirrada, a mulherada parece não ter se deixado abater pelas Melancias, Morangos e Melões que povoam o imaginário da macharia de plantão. Volta e meia surge algum especialista em comportamento sexual, apresentado uma ‘mirabolante’ estratégia para elevar a libido do varão à milésima potência. Como diria João do Morro -“As nega endoida”. Vídeos, revistas, palestras, programas de TV (que o diga Luciana Gimenez e seu famigerado Superpop) são apenas alguns exemplos clássicos que comprovam a eficácia da temática S-E-X-O, no que diz respeito ao interesse feminino.
Por falar nisso, me veio um caso um tanto, digamos, inusitado. Uma amiga de uma amiga relatara sobre uns ‘truques’ que aprendeu com umas colegas no salão de beleza. E não deixou por menos – resolveu agir naquele mesmo dia, ou melhor, naquela mesma noite. Esperou o marido chegar do trabalho para entrar em cena a la Femme Fatale. Aromatizou o ambiente, escolheu como trilha sonora “Je t’aime moi non plus”, espalhou rosas, morangos, mais uns outros apetrechos pela casa e apareceu na frente dele vestida com uma lingerie vermelha- comprada por telefone num sex shop- e, foi para o ataque. Ah, que fique claro que ela não tentou seduzir o cara apenas com as minúsculas vestes, mas com todo um arsenal de sensualidade e desenvoltura- de deixar até Priscila, do Big Brother, se mordendo de inveja. Mal começou o showzinho, e o marido dela indaga, com expressão de espanto “- Que porra é isso, Amanda”?! Bem, aquela não seria a melhor ocasião para explicar as causas e os objetivos da performance. Aí quem brochou foi ela ... Foram dormir.
No dia seguinte ela vociferava para meio mundo que tinha ARRASADO na noite anterior. Achando pouco, ainda deu umas aulinhas de sedução às colegas mais lentinhas, coitadas. Afinal, depois de ter vivido aquele trauma com o marido, ela não podia ficar por baixo. E saiu falando, repetindo, sugerindo ... por muito tempo - uma diva na arte do sexo. O melhor, é que no final das contas, a mulher acabou chegando à conclusão que o problema era o cara. “Estúúúpido”, como ela o tacha hoje em dia.
Depois disso, arrumou outro. Menos mal. Imaginem se ela resolve encanar? Seria aquele processo de rejeição interminável. A cada fruta, digo, a cada dançarina, funkeira, modelo e tantas outras inventadas pelo mercado do consumo ela se sentiria o projeto do caroço de cada uma delas. Mas, foi esperta. Não deixou se vender nem se render ao mundinho imaginário criado pelas revistas e pelos programas de TV. Até porque, no ‘mercado’ dos ‘peitos e bundas’ o que está sempre em alta é deixar em baixa quem o consome. Que é bonito, é. Que excita, que instiga, que despertam a luxúria e a cobiça não se discute, mas é preciso não perder a identidade frente essas imposições. À luta, mulher guerreira.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

As mudanças e os Outros

As mudanças em nossas vidas costumam deixar marcas. E não se trata, apenas, de mudanças como troca de endereço, de emprego ou de corte de cabelo. Mas também das escolhas individuais ao longo da vida. Aquelas que parecem ter surgido de um choque de 220 wolts entre o EU de antes e o EU de depois.
Dia desses, deparei com uma situação interessante. Reencontrei uma amiga - dos velhos tempos de escola-, e o que constatei? Um exemplo apoteótico de mudança absoluta. De cento e oitenta graus. Da água pro vinho. De Pau Amarelo pra Candeias. Enfim... de um pólo a outro. A representante mundial do casamento perfeito - que sempre me soou como ' a esposa acomodada'- finalmente resolveu romper com a (pseudo)felicidade sugerida na foto principal do porta-retratos do casal. Se desfez do cônjuge e correu pro abraço. Literalmente! A mulher se deu ao luxo de ser vista na balada recifense aos beijos, abraços e amassos com um antigo colega de faculdade. Por razões pouco óbvias, não consegui enxergar nela a criatura "certinha", caseira e cheia de pudores de outrora. Não que as pessoas devam se enquadrar em rótulos para o resto da vida -mesmo porque certas mudanças fazem um bem danado- , mas é impossível não tomarmos essas mudanças como o divisor de águas entre o que fulana era( ou acreditávamos que era) e o que fulana é agora. E até mesmo quando a poeira baixa e já ressignificamos os novos valores sobre a pessoa, eis que aparece de algum lugar a representação do passado e afirma tudo. Ou nega. Sempre tem alguém para se referir ao passado de outro alguém , seja fazer fazer um juízo de valor negativo ou positivo.
Ontem na TV, um pastor daqueles programas evangélicos da madrugada comentara sobre a "transformação" de vida de um homem presente naquele culto :" Esse aqui, meus irmãos... fumava, matava, roubava. AGORA, blá blá blá". É o tipo de passado que as pessoas só afirmam para negá-lo, digamos assim. Que o digam as dezenas de modelos e atrizes que mostraram suas partes mais calientes nas páginas da Playboy e agora só falam da salvação. Difícil mesmo é para os taradões cumprimentá-las com um respeitoso "Paz do Senhor, Irmã".
Por outro lado, há quem resista a mudanças. Por medo do desconhecido, do incerto, preferem entender a não mudança como o estado 'perfeito'.
Em geral, mudança é quase sempre bom. Crescemos, aprendemos mais. Volta e meia refletimos sobre as bobagens que fazíamos antigamente e percebemos o quanto melhoramos. Isso me lembra uma anedota sobre diferença de concepção sobre mudança.
Certa vez, duas conhecidas senhoras se esbarraram na rua. Ao notar o tom calmo, discreto e breve da primeira senhora- sobretudo em relação a não dar detalhes sobre sua vida pessoal como fazia no passado-, a segunda pejorativamente comenta: " -Você está tão mudada...". A outra rebate categoricamente: "- Já você ... continua a mesma, hein ".

sábado, 3 de janeiro de 2009

FELIZ ANO NOVO!

Chegou 2009! É hora de pôr em prática as promessas da virada do ano. Aquelas mesmas que você mentalizou enquanto pulava as sete ondas, comia lentilhas ou estourava a velha Sidra Cereser.
É preciso muita força de vontade para começar 2009 em dia com si próprio. Entrar no novo calendário com o pé direito é uma questão de ordem. Por isso, as pessoas sentem-se tão vibrantes e empolgadas quando prometem mundos e fundos no primeiro segundo do ano que se anuncia.
E nem me venha dizer que sua listinha de promessas seja tão básica que não inclua emagrecer cinco quilos, ficar o corpinho do verão, encontrar um amor de novela das oito e conseguir o emprego dos sonhos- aquele de deixar até Roberto Justus se mordendo de inveja.
Janeiro é o mês crucial para tudo iss. As empresas recebem mais currículos que receberam cartões de boas festas em dezembro, as academias tornam-se (ainda mais) templos de culto ao corpo perfeito e as praias e baladas viram bosques de caça. Segurem as pontas! É até cômico conciliar a seriedade de nossos juramentos com a atmosfera tentadora do comecinho do ano, não acham? Verão, praia, férias e cerveja: uma mistura explosiva.
Por falar nisso, temos extrema necessidade de cumprir o que prometemos. Precisamos de sucesso nessas promessas para nos sentirmos seguros e confiantes. Mais ou menos como uma credencial para garantir que no resto do ano as coisas serão boas.

O pior é quando constatamos que não deu para ficar OKAY com tudo o que havíamos prometido. Deve ser por isso que as pessoas temem tanto a segunda-feira. É o dia em que a consciência nos clama pela retomada das pendências cotidianas e nos questiona se somos capazes de quitar nossas dívidas internas. É uma tortura hitleana! O bom é que ainda estamos no início do ano. Boa sorte!