As mudanças em nossas vidas costumam deixar marcas. E não se trata, apenas, de mudanças como troca de endereço, de emprego ou de corte de cabelo. Mas também das escolhas individuais ao longo da vida. Aquelas que parecem ter surgido de um choque de 220 wolts entre o EU de antes e o EU de depois.
Dia desses, deparei com uma situação interessante. Reencontrei uma amiga - dos velhos tempos de escola-, e o que constatei? Um exemplo apoteótico de mudança absoluta. De cento e oitenta graus. Da água pro vinho. De Pau Amarelo pra Candeias. Enfim... de um pólo a outro. A representante mundial do casamento perfeito - que sempre me soou como ' a esposa acomodada'- finalmente resolveu romper com a (pseudo)felicidade sugerida na foto principal do porta-retratos do casal. Se desfez do cônjuge e correu pro abraço. Literalmente! A mulher se deu ao luxo de ser vista na balada recifense aos beijos, abraços e amassos com um antigo colega de faculdade. Por razões pouco óbvias, não consegui enxergar nela a criatura "certinha", caseira e cheia de pudores de outrora. Não que as pessoas devam se enquadrar em rótulos para o resto da vida -mesmo porque certas mudanças fazem um bem danado- , mas é impossível não tomarmos essas mudanças como o divisor de águas entre o que fulana era( ou acreditávamos que era) e o que fulana é agora. E até mesmo quando a poeira baixa e já ressignificamos os novos valores sobre a pessoa, eis que aparece de algum lugar a representação do passado e afirma tudo. Ou nega. Sempre tem alguém para se referir ao passado de outro alguém , seja fazer fazer um juízo de valor negativo ou positivo.
Ontem na TV, um pastor daqueles programas evangélicos da madrugada comentara sobre a "transformação" de vida de um homem presente naquele culto :" Esse aqui, meus irmãos... fumava, matava, roubava. AGORA, blá blá blá". É o tipo de passado que as pessoas só afirmam para negá-lo, digamos assim. Que o digam as dezenas de modelos e atrizes que mostraram suas partes mais calientes nas páginas da Playboy e agora só falam da salvação. Difícil mesmo é para os taradões cumprimentá-las com um respeitoso "Paz do Senhor, Irmã".
Por outro lado, há quem resista a mudanças. Por medo do desconhecido, do incerto, preferem entender a não mudança como o estado 'perfeito'.
Em geral, mudança é quase sempre bom. Crescemos, aprendemos mais. Volta e meia refletimos sobre as bobagens que fazíamos antigamente e percebemos o quanto melhoramos. Isso me lembra uma anedota sobre diferença de concepção sobre mudança.
Certa vez, duas conhecidas senhoras se esbarraram na rua. Ao notar o tom calmo, discreto e breve da primeira senhora- sobretudo em relação a não dar detalhes sobre sua vida pessoal como fazia no passado-, a segunda pejorativamente comenta: " -Você está tão mudada...". A outra rebate categoricamente: "- Já você ... continua a mesma, hein ".
6 comentários:
As mudanças...
Necessárias,com certeza! Ás vezes dá medo (como vc bem frisou), mas os resultados geralmente são sempre positivos.
Como disse alguém "seja você mesmo, mas não seja o mesmo para sempre".
Parabéns, Caio, pelos textos que vc nos presenteia!
Continue, garoto... Cê vai longe...
Caio,
Dono de uma estilística muito boa. Seus textos tem uma propriedade forte dos temas abordados. Sempre que leio posso observar sua competência gramatical, seu bom humor e sua sensibilidade que são marcas predominantes. Mas nesse texto, confesso que esperava mais do seu final ...
Abção
Amo você e as letras que organiza para formar tão belos e interessantes textos... Estou voltando a querer ter um blog também, visite-me!!! Qualquer dia desses, escreverei um texto sobre você.
Beijos indecentes!
Quer maior exemplo de mudança como a minha guri??? Quando iria pensar que estaria morando em Bilbao e estudando em Deusto em menos de 2 meses!!!! Adoro os textos que tu escreves. Agur!!!
Taí, muito bom
Não confunda os acertos de marcha do texto jornalístico com o que acontece na prosa (também jornalística de um blog). Se lá á pequenos apertos a serem dados nos parafusos, aqui a engrenagem funciona perfeitamente.
Parabéns
Mudanças... todos nós estamos sujeitos è elas! as vezes boas, outras más...mas sempre servem de aprendizado. Eu que o diga!!!
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