quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
CONFLITOS DE VERÃO
Janeiro... mês de viagem, início de dieta, reorganização do projeto que ficou inacabado no ano anterior e tantas outras promessas e metas feitas nos últimos segundos para a virada do ano. No mês em que as praias estão lotadas é comum encontrar com amigos que não víamos há séculos, pessoas que em algum momento passaram pela nossa vida e pareciam ter ido parar no esconderijo de Osama Bin Laden. Creio que são os melhores reencontros. Tem sempre alguma novidade, algum fato novo que aconteceu durante esse tempo em que a pessoa sumida hibernava socialmente. Depois de um turbilhão de informações e fofocas é inevitável a pergunta-clichê : “e o coração?” Nossa! Nem é preciso ouvir a resposta para conseguir deduzir que a cara mais lembra a “derrota do Brasil na Copa de 2006”. Se fosse fazer o levantamento do número de namoros “sólidos” que chegam às cinzas no mês janeiro seria necessário pedir ajuda ao IBGE. No repertório de razões e motivos mais usados pelos amigos e amigas para curtir a vida de solteiro no começo do ano uma tem lugar de destaque no carro abre-alas: o carnaval, é óbvio. Se por um lado às vésperas do dia 12 de junho é notório ver pessoas se lamentando pelos cantos em busca de uma cara metade para poder trocar beijos, declarações, bombons e perfumes do boticário em promoção, o primeiro mês do ano serve de momento de brigas e desentendimentos que justifiquem o término de um relacionamento para, conseqüentemente, deixar a pista liberada para as extravagâncias do carnaval. Tenho um conhecido que criou até estratégia para acabar o namoro de forma apoteótica: programou ficar ausente e indisposto para saídas românticas para dar motivo de o namoro esfriar. Não é que esquentou?! O filho da mãe agora está suando para elaborar um ‘plano B’ para conseguir mandar a pessoa para o “paredão” da forma mais discreta possível. Aliás, não é todo mundo que aceitaria ouvir da boca do “futuro-ex” que é melhor acabar o namoro para que uma das partes envolvidas possa curtir o carnaval com toda libertinagem que a ele/ela possa ser conferida. Há que prefira, por precaução, deixar a pessoa do ‘namoro sólido’ em stand by para uma possível renegociação pós-carnavalesca. Até porque não é todo mundo que esperaria encontrar o grande amor da vida na terceira boca beijada do dia numa segunda-feira de carnaval nas ladeiras de Olinda. Há até alguns casos em que a relação permite com que ambos(as) entrem em comum acordo e acabem a relação com a mesma estratégia mercadológica de uma multinacional que encerra suas atividades temporariamente para balanço e depois volta ampliada e mais cheia de recursos para servir à clientela. Por mais que sejam complexas, traumáticas, relativas, simples e subjetivas as formas como os términos de namoros são negociados e renegociados servem mesmo para revelar que o foco de tensão está bem longe de nós. Digamos, na Faixa de Gaza.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
FIM DE CASO- "EX" A QUESTÃO
Que atire a primeira pedra quem nunca se pegou num final de tarde de domingo pensando naquele “affair” que deixou seu coração em frangalhos. Seja lá pela dor da ausência, pela nostalgia dos momentos agradáveis ou por quais outros motivos forem a lembrança geralmente nos inquieta, nos deixa emotivos, melancólicos, pensativos. Incômodo mesmo é quando somos tomados por uma série quase interminável de hipóteses: como seria se fulano(a), como seria se eu tivesse feito isso ou aquilo, etc e tal. Essa tortura hitleana só serve mesmo para nos deixar mal, culpados e crentes de que não fomos capazes de conduzir uma relação com sucesso.
São nos momentos de carência que pensamos que a lembrança do/da EX parece servir para EXplorar, EXterminar, EXplodir nossa capacidade de transmitir auto-confiança novamente. Até conseguirmos alçar a antiga pessoa à condição de: o defunto, a falecida, o outro, a coisa, o desafeto, passamos por um grau de debilidade emocional e dependência muito grande. Talvez seja por isso que as pessoas resolvem fazer mudanças tão bruscas, como mudar a cor do cabelo, emagrecer, entrar na academia, mudar qualquer outro aspecto no visual ou simplesmente agarrar “O” primeiro cueca ou “A” primeira calcinha que aparecer na frente. Por isso é de desconfiar quando alguém que acaba seu “affair” na quinta-feira aparece na balada no dia seguinte cantando no último volume das cordas vocais: “TÔ NEM AÍ”. Há quem prefira, simplesmente, aproveitar o momento pós-fim de relacionamento para adotar um novo lema de vida : “mulher é igual biscoito(...)”, “tá faltando homem no mercado”, “eu nasci para curtir a solteirice”, etc.
Para algumas pessoas o fim de namoro pode ser o início de uma amizade. E muitas vezes é. O que inquieta é imaginar ser amigo de alguém quando há pendência afetiva (e quase sempre há). É mais fácil conciliar tal amizade quando o “casinho” não significou muito para ambos. Conheço pessoas que se tornaram amigas (mais íntimas que absorvente) depois de uma noite de amor. Outras que se tornaram confidentes depois da separação de 15 anos casados. Aí vêm as perguntas: Como é esse nível de amizade? É imparcial ou tendencioso? É formal ou intenso? Depois de pensar em tudo isso comecei a olhar de forma menos punitiva a frase dita pelo ator Murilo Benício sobre “EXs”: “Só os hipócritas conseguem se tornar amigos dos EXs”. Creio que o que ele quis dizer é que existe um grau de pendência de uma (ou de ambas) as partes.
“Amores” marcam não pelo tempo de duração, mas pela afinidade, pelo grau de intensidade, pela capacidade que o outro tem de revirar a nossa vida. Casos, namoros, casamentos, rolos, ficadas e todas os outros níveis de acasalamento humano deixam marcas para alguém da relação ou para ambos quando o outro ainda parece ter um eco de você. É como se algo ainda tivesse ficado no ar, como um furacão que passa, avassala, arrebenta tudo sem pedir licença para começar nem terminar.
São nos momentos de carência que pensamos que a lembrança do/da EX parece servir para EXplorar, EXterminar, EXplodir nossa capacidade de transmitir auto-confiança novamente. Até conseguirmos alçar a antiga pessoa à condição de: o defunto, a falecida, o outro, a coisa, o desafeto, passamos por um grau de debilidade emocional e dependência muito grande. Talvez seja por isso que as pessoas resolvem fazer mudanças tão bruscas, como mudar a cor do cabelo, emagrecer, entrar na academia, mudar qualquer outro aspecto no visual ou simplesmente agarrar “O” primeiro cueca ou “A” primeira calcinha que aparecer na frente. Por isso é de desconfiar quando alguém que acaba seu “affair” na quinta-feira aparece na balada no dia seguinte cantando no último volume das cordas vocais: “TÔ NEM AÍ”. Há quem prefira, simplesmente, aproveitar o momento pós-fim de relacionamento para adotar um novo lema de vida : “mulher é igual biscoito(...)”, “tá faltando homem no mercado”, “eu nasci para curtir a solteirice”, etc.
Para algumas pessoas o fim de namoro pode ser o início de uma amizade. E muitas vezes é. O que inquieta é imaginar ser amigo de alguém quando há pendência afetiva (e quase sempre há). É mais fácil conciliar tal amizade quando o “casinho” não significou muito para ambos. Conheço pessoas que se tornaram amigas (mais íntimas que absorvente) depois de uma noite de amor. Outras que se tornaram confidentes depois da separação de 15 anos casados. Aí vêm as perguntas: Como é esse nível de amizade? É imparcial ou tendencioso? É formal ou intenso? Depois de pensar em tudo isso comecei a olhar de forma menos punitiva a frase dita pelo ator Murilo Benício sobre “EXs”: “Só os hipócritas conseguem se tornar amigos dos EXs”. Creio que o que ele quis dizer é que existe um grau de pendência de uma (ou de ambas) as partes.
“Amores” marcam não pelo tempo de duração, mas pela afinidade, pelo grau de intensidade, pela capacidade que o outro tem de revirar a nossa vida. Casos, namoros, casamentos, rolos, ficadas e todas os outros níveis de acasalamento humano deixam marcas para alguém da relação ou para ambos quando o outro ainda parece ter um eco de você. É como se algo ainda tivesse ficado no ar, como um furacão que passa, avassala, arrebenta tudo sem pedir licença para começar nem terminar.
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