Sempre acreditei, juntamente com metade da população do globo terrestre, na tolerância e na complacência como características do avanço da idade. A entrada na casa dos vinte, dos trinta, dos quarenta e nas tantas outras trazem mudanças na forma de ver o mundo e de agir publicamente- dizem. Resolvi acreditar que é assim, talvez, para justificar momentos de impaciência diante de determinadas situações e de determinadas pessoas que, desafortunadamente, cruzam nossos caminhos em algum momento da vida e, exigem de nós ‘jogo de cintura’ para lidar com elas. É quando elevamos nossa mente e nossos pensamentos para todas as entidades da galáxia e questionamos: “No futuro saberei relevar esse tipo de coisa”?
Mesmo assim, confesso (até diante do padre, se for o caso) minha intolerância quase hitleana em relação a alguns traços de alguns comportamentos. Algo no nível da auto-suficiência, do exibicionismo, da necessidade de sobreposição sobre o outro, da prepotência e do desdém sobre tudo e sobre todos. Algo que numa comparação com o mundo dos animais não racionais me lembra um pavão. Isso mesmo! A ave de nome científico Pavo cristatus.
O detalhe é que ainda não evoluí ao ponto de lidar bem com pessoas que costumam abrir ‘seu leque de penas’ para chamar atenção ou demarcar território. Em termos concretos, esses ‘pavões humanos’ esbarram conosco em algum contexto da vida. São aquelas que ‘se acham’ a bala que matou Odete Roitman (que Deus a tenha).
Na vida real, esses ‘pavões’ exalam um ar de superioridade em quase tudo o que fazem. Seja contando vantagens, desmerecendo o outro ou até mesmo com um olhar de jactância sobre os demais. É aquele tipo para a qual as pessoas costumam desferir comentários do tipo “Essa aí parece que tem um rei na barriga” ou “Se pudesse nem pisava no chão”.
Um ‘pavão’ (ou‘pavoa’) numa balada já surge achando que o mundo para porque ela chegou, no ambiente de trabalho nunca precisa de ninguém ou sabe mais que todos e na vida afetivo-conjugal é sempre imbatível emocionalmente. Há quem prefira analisar aspectos psicológicos reveladores como carência, necessidade de compensação, traumas, insegurança e ‘otras cositas’ para entender o comportamento do ‘pavão’ humano.
Enquanto não baixa a Melaine Klein para entender e aplicar a complexidade da psiquê humana prefiro desviar dos estridentes pavões. Até lá vou passeando pelos outros setores do zoológico. Vamos nessa?!