sábado, 23 de abril de 2011

Cinderela, Alice e o Canto da Sereia

Um dos maiores desafios de quem se aventura em engatar um affair é descobrir quem é, de fato, a pessoa com quem estamos. Até ultrapassar aquela etapa na qual tudo parece um mar de rosas, um domingo no parque ou um Mc Lanche Feliz e, nos depararmos, exatamente, com a criatura em questão muita energia, dedicação e disposição parecem ter passado por nossas mãos, pernas, veias e artérias.
Quando não afeta a sua cuca (e você decide não pular fora do barco) é porque parece estar pronto (a) para a fase mais crucial: lidar com o(a) dito(a) cujo(a) no cotidiano, desnudo de todos os ‘mimos’ e ‘fofuras’ da fase inicial do encantamento. Sem aqueles dengos de torpedos de bom dia, bichinhos de pelúcia e caixas de bombons finos daqueles primeiros meses do relacionamento. É quando a Cinderela e a Alice trocam as carruagens e arregaçam as mangas para alcançar o ônibus da linha Setúbal/ Conde da Boa Vista lotado no final da tarde de uma sexta-feira.
Deve ser por isso que meio mundo desiste no meio do caminho e, ainda vocifera aos quatro ventos o quanto não conhecia O(A) Outro(a). É, minha filha! Tem gente que dorme com um Cauã Reymond e acorda com um Zé do Caixão. E a gente parece sempre tão bobo que, por mais que traga a bagagem de um tumultuado relacionamento anterior não temos como evitar os riscos de um romance seguinte. É quase impossível ter imunidade e anticorpos para se defender de alguns tipos de armadilhas. Santinho, certinha, fiel, quietinho, cheia de promessas e blábláblá e, no final das contas você descobre que dormia com um vilão (ou vilã) de novela de Sílvio de Abreu. É mole?!
E no final... só nos resta lamentar um “como é que eu nunca percebi isso antes?” ou um “por que só eu que não notei?”, acompanhados de umas doses de vodca, de Skol, de uma sequência de Núbia Lafayette, Nelson Gonçalves, Maysa e um novo amor para esquecer o outro. E voltar para o começo da história (com a possibilidade de um novo meio, de um novo fim. Ou tudo igual como antes?).
Mas se os encantos que ficarem forem maiores que os desencantos é porque tem algo além do temido e inevitável Canto da Sereia. Algo concreto, real e possível do outro lado do mar. E nessa metáfora da vida... você pode até evitar, jogar, driblar, mas como bom pescador vale sempre a pena descobrir o que há do lado de lá. Sempre!



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3 comentários:

... disse...

De fato, ter um relacionamento conjugal de verdade dá trabalho! Porque assim, as celulites aparecem depois de alguns meses, a falta de grana impede que se viva fora de uma rotina, o mundinho autista do casal apaixonada grita por socorro, pela presença dos amigos que deixamos de lado, pelas coisas que fazíamos sozinhos... Sem contar que está tudo tão fluido, muito difícil confiar em alguém, Mas eu não desisto! Amo muito, vivo muito, sofro muito, me recupero muito e me apaixono novamente quantas vezes forem necessárias!

Excelente texto!

Unknown disse...

Acredito que mais uma vez voce surpreendeu com seu texto. Lembrando que faltou citar o fato de que a Alice e a Cinderela irão necessitar de um princípe encantado senão, irá se tornar um complexo lésbico, afinal todo bom romance tem que ter uma dose de dedicação, troca e encanto. Por isso que o ser amado será é sempre repleto de expectativas, caso contrário seria muito chato e banal. Uma vez perguntei à um senhor que há 25 anos convivia com sua esposa o que mais lhe atraía nessa longa data e ele me respondeu que era o fato de todos os dias descobrir uma nova mulher naquela mesma mulher. Relacionamentos são assim, é necessário dedicação troca mútua. Parabéns pelo texto , muito atual e diñâmico.

Philipe disse...

É... muita gente esquece na hora da valsa, mas tem uma gata borralheira de carne e osso por baixo do vestido da Cinderela...
Muito leve e divertido o texto, meus parabéns!